A
educação das pessoas com surdez
Há dois séculos
aproximadamente existe uma discussão sobre as ações desenvolvidas para a
educação das pessoas com surdez, delegando responsabilidades, às concepções
gestualistas e oralistas de acordo com as práticas pedagógicas específicas.
Daí as pessoas com surdez
sofrem exclusão no espaço social das quais fazem parte, enquanto essas
discussões se baseiam na aceitação de uma língua ou de outra .
Porém, por mais que as
políticas estejam já definidas muitas questões e desafios ainda estão para ser
discutidas, principalmente no espaço escolar e precisam ser revistas e mais
esclarecidas, para que a escola comum e a escola privada demonstrem práticas de
ensino condizentes e produtivas para educação com pessoas com surdez, como cita
Damázio, Mirlene 2010..
”acreditarmos na nova
Política Nacional de Educação Especial, numa perspectiva inclusiva, e não
coadunamos com essas concepções que dicotimizam as pessoas com ou sem
deficiência,, pois antes de tudo , por mais que diferentes nós humanos sejamos,
sempre nos igualamos na convivência, na experiência , nas relações, enfim, nas interações, com os seres humanos. Não
vemos a pessoa com surdez como o
deficiente , pois ela não o é, mas tem perda sensorial auditiva, ou seja,
possui surdez, o que a limita biologicamente para essa função perceptiva”.
Esse embate entre
gestualistas e oralistas portanto não
teve bom empenho, pois ele prejudica o desenvolvimento dessas pessoas dentro da
escola. O foco do fracasso escolar da pessoa com surdez não está só na questão
de centralizar-se nessa ou naquela língua, mas também na qualidade e na
eficiência das praticas pedagógicas. É preciso construir um campo de
comunicação e interação amplo, proporcionando que as línguas tenham o seu lugar
de destaque, mas que não seja o centro de tudo o que acontece nesse processo.
As pessoas com surdez não
podem ser reduzidas ao chamado mundo surdo, com uma identidade e uma cultura
surda. É no descentramento identitário que podemos conceber cada pessoa com
surdez como um ser biopsicosocial, cognitivo, cultural, não somente na
constituição de sua subjetividade, mas também na forma de aquisição e produção de conhecimentos ,
capazes de adquirirem e desenvolvimento não somente os processos
visuais-gestuais , mas também de leitura e escrita e de fala se desejarem .
Pensar e construir uma
pratica pedagógica que assuma a abordagem bilíngüe e se volte para o
desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez na escola e fazer
com que esta instituição esteja preparada
para compreender cada pessoa em suas potencialidades, singularidades e
diferenças e em seus contextos de vida.
Na abordagem bilíngüe, a
Libras e a Língua Portuguesa, em suas variantes de uso padrão , quando
ensinadas no âmbito escolar, são deslocadas de seus lugares especificamente
Lingüísticos e devem ser tomadas em seus componentes histórico-cultural,
textual e pragmático, além de seus aspectos formais, envolvendo a fonologia, morfologia,
sintaxe, léxico e semântica. Para que isso ocorra, não se discute o bilingüismo
com olhar fronteiriço e territorializado, pois a pessoa com surdez não é
estrangeira em seu próprio país, embora possa ser usuária de Libras, um sistema
lingüístico com características e status próprios.
Portanto toda a compreensão
das pessoas com surdez nestas perspectivas é que surge uma legitimação do AEE
para essas pessoas por meio da Política Nacional da Educação Especial na
Perspectiva inclusiva que disponibiliza serviços e recursos, e que tem a
funcionalidade em organizar o trabalho complementar para a classe comum visando
a autonomia e à independência social, afetiva, cognitiva e lingüística da
pessoa com surdez na escola e fora dela.
O AEE deve ser visto como
uma construção e reconstrução de experiências e vivências conceituais, em que a
organização do conteúdo curricular não deve estar pautada numa visão linear,
hierarquizada e fragmentada do conhecimento. Ele promove o excesso dos alunos
com surdez ao conhecimento escolar em 2 línguas : em libras e em L.P. , a
participação ativa nas aulas e o desenvolvimento do seu potencial cognitivo , afetivo, social e
lingüístico com os seu colegas da classe comum .
Assim sendo, a organização
didática do AEE PS é idealizada mediante a formação do professor e do
diagnóstico inicial do aluno com surdez em seguida, o professor elabora o plano
AEE PS, envolvendo três momentos didático-pedagógicos : Atendimento Educacional
Especializado em Libras ; Atendimento educacional Especializado para o ensino
da Língua Portuguesa escrita; e o Atendimento Educacional Especializado para o
ensino de Libras. Este plano de AEE PS deve
respeitar o ambiente comunicacional das duas línguas e a participação e
interativa dos alunos com surdez, assegurando uma aprendizagem efetiva .
DAMAZIO, Mirlene Ferreira, 2010, p 46
a 58. A Educação Escolar para pessoa com surdez, Atendimento Educacional
Especializado em construção.